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terça-feira, 5 de maio de 2015

FILME: Who Am I – Kein System ist sicher

Acompanho o projeto desse filme desde que ainda erá um piloto, pois bem alguns BR fizeram as legendas agora disponibilizo pra todos.

Acompanho o projeto desse filme desde que ainda erá um piloto, pois bem alguns BR fizeram as legendas agora disponibilizo pra todos.

Conheça o grupo subversivo de hackers (CLAY)

Conheça o grupo subversivo de hackers (CLAY)


[ + ] HISTÓRIA 

Benjamin (Tom Schilling) é invisível, um ninguém. 
Isso mudabrutalmente quando ele conhece Max (Elyas M'Barek). 
Mesmo que ambos não poderiam ser parecidos, mas com mesmo 
interesses: hacking. Junto com os amigos de Max, 
o Stephan impulsivo (Wotan Wilke Möhring) eo Paul 
paranóico(ANTOINE MONOT) eles encontraram o 
grupo subversivo de hackers (CLAY) desafiados com atividades
divertidas e capta o 
espírito de toda uma geração.
Pela primeira vez em sua vida Benjamin é uma parte de algo e até 
mesmo atraente Marie (HANNAH) é consciente dele.
Mas a diversão é de repente se torna grave quando o grupo 
fica no grid busca de BKA e Europol.
Caçado pelos agentes Europol Hanne Lindberg 
(TRINE Dyrholm)Benjamin já não é um dos hackers mais 
procurados do mundo.

Um dos poucos filmes que tentam canalizar a questão underground hacking.
Benjamin (Tom Schilling) é invisível, um ninguém. Isso mudabrutalmente quando ele conhece Max (Elyas M'Barek).  Mesmo que ambos não poderiam ser parecidos, mas com mesmo interesses: hacking. Junto com os amigos de Max,  o Stephan impulsivo (Wotan Wilke Möhring) eo Paul paranóico(ANTOINE MONOT) eles encontraram o grupo subversivo de hackers (CLAY) desafiados com atividades divertidas e capta o  espírito de toda uma geração. Pela primeira vez em sua vida Benjamin é uma parte de algo e até mesmo atraente Marie (HANNAH) é consciente dele. Mas a diversão é de repente se torna grave quando o grupo fica no grid busca de BKA e Europol. Caçado pelos agentes Europol Hanne Lindberg (TRINE Dyrholm)Benjamin já não é um dos hackers mais procurados do mundo.  Um dos poucos filmes que tentam canalizar a questão underground hacking.


[ + ] TRAILER






Tamanho: 977MB 
Qualidade: Excelente


[ + ] TORRENT(filme+legenda):
http://www.filedropper.com/whoami-keinsystemistsicher2014web-dl720p970mbbloginurlcombr

http://theanonybay.org/torrent/3094/who-am-i-kein-system-ist-sicher-2014-web-dl-720p-970mb-blog-inurl-com-br

[ + ] FILME e LEGENDAS PT-BR:
https://mega.co.nz/#F!hBEggBYK!SISHvW8QWi_gDZoVCcYMEw

[ + ] LEGENDAS EN:
http://taksub2.in/index.php?u=aHR0cDovL3N1YnNjZW5lLmNvbS9zdWJ0aXRsZXMvd2hvLWFtLWktbm8tc3lzdGVtLWlzLXNhZmUvZW5nbGlzaC8xMTAxMDg2



quinta-feira, 9 de maio de 2013

Grupo Hack The Planet afirma que consegue invadir qualquer site com domínio .edu

 
Grupo Hack The Planet afirma que consegue invadir qualquer site com domínio .edu
 
O grupo de hackers HTP - Hack The Planet - explicou na quinta edição de sua revista eletrônica, chamada "zine", como os invasores obtiveram acesso à correspondência do MIT, e se infiltraram na rede da empresa Linode, que trabalha com hospedagem.

Eles revelaram duas brechas até então desconhecidas no ColdFusion, da Adobe, que permitiu que o grupo invadisse a rede do Linode, e resultou no vazamento de senhas de cartão de crédito.

O grupo revelou também uma falha no MoinMoin, um software de wiki utilizado em alguns projetos para viabilizar a redação colaborativa de documentos técnicos. Segundo o HTP, wikis do Python, Debian Linux, Wireshark, Pidgin e Wget foram invadidos pelo grupo.

Tanto a falha no ColdFusion quanto a presente no MoinMoin já foram corrigidas.

Mas o grupo não parou por aí: eles também informaram que conseguem acesso a qualquer site terminado em .edu, e a computadores nas redes do Icann, que gerencia os domínios de internet, e do SourceForge, que distribui softwares open source. Essas invasões não foram confirmadas. 

Na "zine", o grupo publicou um conjunto de supostas senhas para acessar páginas ".edu", obtidas de um banco de dados da Educause, organização sem fins lucrativos responsável pela manutenção de todos os domínios terminados em ".edu". Não se sabe se as informações procedem, e metade das 7,5 mil senhas divulgadas contém um hash MD5.

A Educase não comentou o suposto ataque, e apesar da publicação dos hackers, não há relatos de outros sites .edu que foram invadidos, além da página do MIT.

Por fim, o grupo alegou que publicou uma mensagem falsa durante a invasão à página do MIT, atribuindo o feito ao LulzSec, grupo ligado ao Anonymous. Por conta disso, a invasão foi creditada a esses grupos.
 
 
Fonte:

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Hackers: A ética por trás do folclore

Hackers: A ética por trás do folclore

Hackers: A ética por trás do folclore

Monografia do curso de Segurança de Dados 1/02

Fabrício César Ferreira Anastácio *
Departamento de Ciência da Computação
Universidade de Brasília
Setembro de 2002

Com o crescimento da Internet e a consolidação da chamada Sociedade da Informação muito tem sido dito sobre os tais dos "hackers". "Piratas da Rede", "meliantes digitais" e outras denominações que variam do ridículo ao romantismo cibernético contribuem para a criação de uma atmosfera mítica coberta de mistério e, certamente, equívocos em torno destes personagens. É comum deparar-se na mídia com este termo sendo usado num sentido bastante pejorativo, conotando indissociável relação com o crime e a ilegalidade. Seja nos filmes de Hollywood ou no jornal cotidiano, os hackers usam seu profundo conhecimento do funcionamento dos computadores e das redes de comunicações para perpetrarem sofisticados delitos, causando danos a terceiros e/ou enriquecendo num digitar de teclas. Colocando o sensacionalismo e a extravagância de lado, isto tudo poderia estar correto exceto pelo fato de que os agentes de atividades desta estirpe não são hackers, mas sim "crackers".
Esta confusão não é apenas um erro de tradução, como afirma Rezende em [1], já que ocorre mesmo em sua língua original, observando-se isso claramente na reportagem de popular, ainda que não muito confiável, órgão de impressa norte-americano referenciada pelo próprio texto citado. Na verdade, segundo Pekka Himanen (foto), filósofo finlandês, em [2], a origem deste equívoco remontaria a meados dos anos 80, quando surgiram os primeiros crimes computacionais, e a mídia, não sabendo como designar tais criminosos, aplicou o termo de forma um tanto infeliz.
Ora, se não são os tais meliantes digitais, afinal, quem são os hackers?
A tradução literal da palavra poderia ser algo como talhador, lenhador, o que não deixa de ter alguma relação com o sentido originalmente concebido. Este sentido surgiu no início dos anos 60 no MIT, sendo usado como autodenominação por um grupo de programadores apaixonados por sua atividade. Com uma certa boa vontade, pode-se imaginá-los como "lapidários" de código escrito em linguagens de programação. Deixando-se tomar pela analogia inspiradora feita por Rezende em [1], se uma linguagem de programação puder ser comparada a uma linguagem natural, sendo o código-fonte comparado a um texto, um programa a um livro e um programador a um escritor, um hacker seria um poeta desta literatura.

Um hacker é uma pessoa para quem a programação é uma paixão e que compartilha os frutos de sua paixão com os outros, é um título honorário, como reforça Himanen em uma entrevista em [3]. Não é um criminoso de computador. Em [2], Himanen traz o que seria a definição de hacker compilada pelos próprios: "uma pessoa que programa entusiasticamente e que acredita que compartilhar informação é um poderoso bem concreto e que seja um dever moral compartilhar a sua perícia escrevendo software livre e facilitando o acesso a informação e a recursos computacionais onde for possível", é alguém que "acha programar intrinsecamente interessante, empolgante e divertido" [2].
Um outro ponto destacado pelo filósofo finlandês é que um hacker não está limitado ao mundo da informática. Praticamente, em qualquer área de atividade humana, podem ser encontrados hackers. Eles seriam "experts" ou entusiastas de qualquer tipo. Pode haver "hacker carpinteiro", "hacker jornalista", "hacker gerente", "hacker astrônomo" ou hacker qualquer outra coisa. Em suma, "uma pessoa é hacker quando é apaixonada pelo que faz e quer se realizar naquele trabalho" [3].
No entanto, esta definição ainda não é muito conhecida ou difundida nos meios "formadores de opinião". Pior é quando, mesmo sendo conhecida, ela é deliberadamente ignorada em prol de uma suposta simplicidade destinada a "facilitar" o entendimento por parte do leitor/espectador leigo. Como se não bastasse a argumentação absurda e contraditória de justificar a criação de confusão para elucidar a compreensão, este recorrente engano tem significativas conseqüências. Além de dificultar a correta assimilação de conceitos e dinâmicas da comunidade da Rede, isto mistura meros utilizadores mal-intencionados (ou, por vezes, apenas curiosos demais) de ferramentas prontas disponíveis aos montes na Internet, os chamados "script kiddies", com os verdadeiros crackers (que podem ocasionalmente ser hackers).

Estes crackers é que são os responsáveis pelos verdadeiros crimes. São eles que dão volumosas cifras de prejuízo a empresas e governos e, muitas vezes, agem amparados por quadrilhas altamente especializadas. Assim, ao colocar estas "tribos" totalmente diferentes em condição de igualdade, a mídia acaba encobrindo a complexidade do sério problema de segurança aí existente e dificulta sobremaneira o esclarecimento de quem são os reais responsáveis por ele, sendo crassamente injusta.
Injustiça esta que se torna ainda mais evidente diante da elucidação das contribuições fundamentais dadas pelo hackers para o embasamento tecnológico da sociedade emergente. Como destacado por Himanen em [2], alguns dos símbolos mais conhecidos dos tempos atuais - a Internet, o computador pessoal e softwares como o sistema operacional Linux - foram criados primordialmente por alguns entusiásticos indivíduos que começaram a concretizar suas idéias com outros de pensamento semelhante, trabalhando em um ritmo livre. Rezende, em [1], compara a atuação dos hackers em relação ao software com a ação da seleção natural na evolução das espécies naturais. Eles seriam uma forma de agentes seletores, que garantiriam a sobrevivência dos mais aptos, descobrindo vulnerabilidades e falhas de segurança nos softwares em uso e reportando os problemas encontrados aos respectivos desenvolvedores, chegando mesmo a sugerir soluções e correções.
Rezende destaca que, por vezes, para amenizar o erro de designação, tais indivíduos são chamados de "hackers éticos". No entanto, isto só piora a confusão, pois reforça a idéia de que o hacker por natureza não é ético. Tal suposição não poderia ser mais difamatória, pois não apenas o hacker é ético em sua natureza original, mas se pode até mesmo falar de toda uma "Ética Hacker".
Para entender melhor esta ética, é necessário antes conhecer melhor o contexto histórico e social no qual ela surge. O pensamento ainda predominante na sociedade atual e que marcou distintamente toda a Era Industrial, de acordo com Himanen, é o que Max Weber chamou de "Ética de Trabalho Protestante" em sua obra The Protestant Ethic and the Spirit of Capitalism (1904-1905). Esta ética baseia-se fortemente na idéia de que o trabalho é a coisa mais importante na existência de uma pessoa. É ele que dá sentido à vida. O trabalho é visto como um fim em si mesmo. Não importa no que ele consista, ele deve ser feito da melhor maneira possível, sem questionamento ou lamúrias. É uma questão de consciência, é como um "chamado" divino.
Este ponto de vista só encontra precursores na vida monástica, a qual sempre pregou que "o ócio é o inimigo da alma", e contrasta fortemente com a visão geral predominante antes do século XVI. Mesmo a Igreja considerava o trabalho (especialmente o mais árduo) como uma espécie de punição. No dia santo, o domingo, no qual até mesmo o próprio Deus descansou, não se devia trabalhar. O Céu era um lugar onde, assim como no domingo, ninguém precisava trabalhar. Enquanto que, no Inferno, os pecadores são condenados a trabalhos eternos e inúteis, um terrível sofrimento, como Dante Alighieri muitas vezes mostra no seu clássico A Divina Comédia do século XIV. Pode-se dizer que, nessa época, o propósito da vida era o domingo.
O que a ética de trabalho protestante faz é inverter este paradigma, deslocando o propósito da vida para a sexta-feira. O trabalho deixa de ser uma punição e passa a ser uma bênção. Isto é um movimento tão radical que se pode dizer que o Céu e o Inferno trocaram de lugar. Sísifo, que na mitologia grega tentou enganar os deuses e foi punido com o fardo de empurrar eternamente uma grande rocha até ao cume de uma montanha muito íngreme e, quando ele estava preste a chegar com ela ao topo, a rocha caía, tornou-se um herói, como ilustrado por Himanen [2].

Esta reviravolta de pensamento e principalmente na forma de se encarar o trabalho caiu como uma luva para o desenvolvimento do então nascente capitalismo. Esta justificativa de origem religiosa foi rapidamente tomada e incorporada por ele, que logo a separou da religião e imprimiu seus próprios mecanismos. Com isso, passou-se a poder falar em ética protestante independentemente de fé ou cultura. Este fato foi a base que permitiu o florescimento da Era Industrial, na qual os trabalhos eram árduos e enfadonhos, mas era necessário que alguém os fizesse, fosse na Europa ou no Japão.
Com o fim da Era Industrial e a consolidação do que está sendo designado como Era da Informação, é natural que se espere o surgimento de um novo pensamento que questione estes valores vigentes, mesmo que o capitalismo ainda tenha chegado a este ponto com considerável força. Força esta que pode ser vista na formação da "nova economia" que, embora envolva significantes diferenças na sociedade em rede com relação à anterior industrial, é meramente uma nova forma de capitalismo. É justamente neste cenário que emerge o que foi chamado anteriormente de ética hacker.
De acordo com Himanen, a ética hacker, que deve ser entendida abrangendo todas as áreas de atividade humana e não apenas a computação, é uma nova ética de trabalho que questiona a ética protestante e propõe um espírito alternativo para a sociedade em rede. Embora seja mais próxima da ética de trabalho pré-protestante, ela não concebe este como sendo um castigo e não descreve o paraíso como sendo um lugar onde não se faz coisa alguma. Na visão do hacker, o sentido da vida está em dedicar-se a uma paixão. Esta paixão é, na realidade, uma atividade significativa, inspiradora e prazerosa para o indivíduo, seja ela rotulada como "trabalho" ou como "diversão".

No entanto, a sua realização nem sempre é apenas prazer e alegria, podendo envolver aspectos menos interessantes e apaixonantes e mesmo muito trabalho duro e tedioso. Ainda assim, o hacker está disposto a realizar este esforço em prol de algo que considera maior. A significação do todo faz valer a pena qualquer esforço despendido na execução de suas partes menos atraentes. Além disso, é bem diferente ter de fazer partes menos prazerosas ao realizar uma paixão do que ter de se sujeitar permanentemente a um trabalho desagradável.
Um outro aspecto da ética hacker é uma visão fortemente diferente do dinheiro com relação à vigente na sociedade capitalista, na qual este é o maior e mais valorizado bem. Para o hacker, o dinheiro é uma questão secundária. Não é um objetivo de vida nem a razão do seu trabalho. Ele não é o propósito de uma ação. Assim, um hacker "pode se satisfazer com menos riqueza material ao perceber que sua verdadeira paixão deu uma contribuição para os outros" [3] ou para a sociedade de um modo geral.
Aliás, esta motivação social também é um fator importante nesta nova ética. A realização da paixão hacker está intimamente ligada com alguma espécie de colaboração na construção de um bem maior para a sociedade. Isto poderia ser visto até como uma influência meio hippie, anos 60, do tipo "vamos construir um mundo melhor", mas tem uma importância fundamental para a estruturação de toda esta ideologia.
Talvez esteja no "hackerismo" o melhor exemplo do lado positivo da globalização, entendendo-se "hackerismo" como um grupo de indivíduos realizando suas paixões juntos e fora das estruturas de corporações ou governos. Não importa a nacionalidade, cor, raça das outras pessoas. O que importa é que elas estão juntas, provavelmente por meio da Internet, para fazer coisas que acham interessantes e construtivas.
Obviamente, um movimento que se propõe a questionar o modelo corrente não poderia passar sem causar desconforto naqueles que estão bem estabelecidos e confortáveis beneficiando-se do status quo. Pode-se especular, então, que esta "onda difamatória" [1] que causa esta confusão toda na cabeça do cidadão comum tenha origem nos "interesses da indústria de software proprietário, procurando minar a confiabilidade pública no software livre" [1], como sugere Rezende. Seguindo por estes caminhos, também não se pode descartar a possibilidade de conluio ou mesmo de manipulação da mídia, visando a proteção desta mesma indústria, a qual, por sinal, é consideravelmente rica.
No entanto, uma possível suplantação da ética de trabalho protestante não é uma coisa que poderia acontecer de uma hora para a outra, lembra Himanen. Tal evento seria uma grande mudança cultural e este tipo de coisa demanda muito tempo para se completar. Principalmente, porque "a ética protestante está tão profundamente enraizada na nossa consciência atual que ela é freqüentemente pensada como se fosse simplesmente da 'natureza humana'. Obviamente, não é" [2], como pode ser visto no decorrer da História.
Enquanto isso, para amenizar os efeitos da confusão feita pela mídia com relação ao termo hacker, Rezende sugere em [1] a cunhagem de uma nova palavra para designar esta comunidade, já que não se tem muito controle sobre a evolução de uma língua (como ele diz, "o uso faz o idioma"). O termo que ele relata ter sido escolhido pelos verdadeiros hackers para se autodenominarem é "geek". Porém, talvez este não tenha em si, pelo menos ainda não, toda a semântica e história que há por trás do original, deixando uma sensação de inacurácia e de que algo está faltando. Por outro lado, também não carrega toda a contaminação que foi infringida ao termo original nas últimas décadas.
Na verdade, a melhor solução para esta confusão seria a fortificação da ideologia hacker, tornando-a clara e conhecida por todos, o que a deixaria menos vulnerável a falácias nominais. Mesmo que isso possa se chocar com os interesses de classes atualmente dominantes. É possível que, conforme a sociedade da informação vá seguindo o seu caminho e vá amadurecendo, as próprias necessidades naturais, que inevitavelmente aparecem, encarreguem-se de implantar esta nova ética de trabalho, a qual, espera-se, possa ser ao menos um pouco melhor do que a atual.

Referências

[1] REZENDE, Pedro A. D. Sobre o uso do termo "hacker". In: http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/trabs/hackers.htm. Abril, 2000. [2] HIMANEN, Pekka. The Hacker Ethic and the Spirit of the Information Age. Random House, 2001.
[3] COUTO, Sérgio P. O que pensar dos hackers? In: Revista Geek, Ano III, Número 14. Digerati Editorial. Agosto, 2001.

* Fabrício César Ferreira Anastácio, Bacharelando em Ciências da Computação da Universidade de Brasília, aluno da disciplina Segurança dos Dados em 1/02

Fonte:http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/trabs/hackers2.htm
 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Hackers: entre a ideologia libertária e o crime

Hackers: entre a ideologia libertária e o crime  A imagem produzida no senso-comum para a figura do hacker é a do jovem que passa o dia inteiro na frente de um computador, conhecedor dos segredos da informática e dos caminhos nas conexões via Internet. Essa visão não está longe da realidade. No entanto, a definição maior do termo surge do efeito que essas atividades podem gerar. O conhecimento das ferramentas que acionam e regem sistemas e programas pode ser usado para democratizar informações ou para atos criminosos. As atividades possíveis através do domínio da ciência da


Hackers: entre a ideologia libertária e o crime

A imagem produzida no senso-comum para a figura do hacker é a do jovem que passa o dia inteiro na frente de um computador, conhecedor dos segredos da informática e dos caminhos nas conexões via Internet. Essa visão não está longe da realidade. No entanto, a definição maior do termo surge do efeito que essas atividades podem gerar. O conhecimento das ferramentas que acionam e regem sistemas e programas pode ser usado para democratizar informações ou para atos criminosos. As atividades possíveis através do domínio da ciência da computação vão desde pequenas invasões em páginas da Internet, sem maiores conseqüências, até desvio de grandes quantias de dinheiro em contas bancárias. Por outro lado, o domínio da máquina pode promover a divulgação do conhecimento, que não interessa a grupos econômicos e governos ditatoriais.

Há muita controvérsia em relação à palavra hacker. Na sua origem, nos anos 60, era usada para designar as pessoas que se interessavam em programar computadores. Passados mais de quarenta anos, após o surgimento do computador pessoal e da Internet, o sentido da palavra hacker mudou e hoje ela é usada nos noticiários para definir invasores de sistemas alheios e até autores de crimes eletrônicos, para desespero dos hackers originais. Os hackers da velha guarda defendem a categoria e um código de ética. Outros, que também intitulam-se hackers, promovem invasões, a disseminação de vírus por computador e gostam de divulgar seus codinomes.

Há até a tentativa de classificar os hackers como pessoas que promovem a liberdade de expressão e de informações, e os crackers como causadores de prejuízo. Mas essa classificação também gera uma confusão de sentidos. A palavra cracker, vem do verbo em inglês "to crack", significando, aqui, quebrar códigos de segurança. Mas, muitas vezes para promover a livre informação é preciso "crakear", fazendo do legítimo hacker, também um cracker.

Os hackers, em geral, partem do princípio de que todo sistema de segurança tem uma falha e a função deles é encontrar essa porta, seja qual for a finalidade. Um programador de computador experiente é capaz de desenvolver várias habilidades como comandar computadores alheios à distância, fazer alterações em sites, invadir sistemas de empresas e governos e ter acesso a diversos tipos de informação. Outra atividade ainda mais comprometedora é a capacidade de descobrir senhas de cartões de créditos, senhas de acesso às contas bancárias e de quebrar as senhas de proteção dos programas comerciais, tornando disponível a chamada pirataria de softwares.

O desenvolvedor de software Lisias Toledo, membro da comunidade do software livre, entretanto, prefere utilizar várias definições ao invés de apenas o termo hacker. "Crackers são aqueles que invadem computadores através da quebra de códigos, quem faz alterações em sites são os defacers e quem cria vírus são os virii-makers", diz. Para ele, os hackers sabem que todo o conhecimento é poder. "Quem rouba informações ou dinheiro não é hacker, é ladrão", completa.

No Brasil, cabe à Polícia Federal e à Polícia Civil de cada estado a função de investigar os delitos cometidos através do computador. Em São Paulo, funciona o Centro de Crimes pela Internet, atrelado ao Deic. Em Brasília, existe, desde 1995, no Instituto Nacional de Criminalística, a Seção de Crimes por Computador, ligada a Perícia Técnica da Polícia Federal. A equipe de sete peritos especializados na área de crimes cibernéticos é a responsável por emitir laudos oficiais. Os laudos são pedidos através de denúncias no Ministério Público ou para serem anexados em inquéritos feitos nas delegacias da Polícia Federal.

Em relação aos hackers e crakers, Marcelo Correia Gomes, chefe da Seção de Crimes por Computador, diz que há atuações para identificar invasões de sites do Governo Federal, do Presidente da República e dos Ministérios. "Dependendo do nível de conhecimento do hacker pode ser fácil ou impossível encontrar o invasor". Segundo ele, os hackers mais experientes não atacam a partir do próprio computador mas invadem outros computadores para, então, roubar a senha e fazer a invasão. O usuário do computador que tem a senha roubada, nem desconfia que está sendo usado.

"É difícil, mas a gente vai seguindo até determinar o autor que, em certos casos, pode até responder por ofensa às autoridades", diz o perito Gomes. No caso de prejuízos aos sites de empresas, como a legislação brasileira não especifica esses crimes, a qualificação do delito depende da forma como o delegado vai fazer o inquérito.

Os crimes mais graves aplicados através da Internet recebem o rótulo de estelionato na desatualizada legislação brasileira. Esse foi o caso de uma quadrilha presa em novembro do ano passado, na cidade de Marabá no Pará. A quadrilha atuava no sistema de home banking, quebrando a senha de correntistas e fazendo a transferência de dinheiro.

"O que mais tem na Internet são hackers especializados em quebrar senhas de segurança de programas comerciais. Quando saiu o Windows XP, depois de seis horas já era possível craquear o programa", diz Marcelo Gomes.

Hackers românticos

Entre a comunidade hacker mundial, há os que propagam uma ideologia e uma ética própria que remontam o romantismo da origem do termo, no final dos anos 60.

O filósofo finlandês Pekka Himanen, defende em seu livro A Ética dos Hackers e o espírito da era da informação, que os legítimos hackers lutam pela liberdade de expressão e pela socialização do conhecimento. Ele divide a categoria em duas vertentes: os libertários hackers e os contraventores crakers, que buscam senhas bancárias e dados sigilosos de empresas.

Himanen, que é professor na universidade de Helsinque e de Berkeley na Califórnia, enumera várias atuações significativas de hackers que revolucionaram o mundo digital. Entre elas estão: a criação do sistema Linux, por Linus Torvalds em 1991, que tem o código-fonte aberto e pode ser adquirido livremente com os aplicativos disponíveis na Internet e a criação do formato MP3 e do programa Napster, para troca de músicas através da Internet.

Para o filósofo, os hackers também foram importantes para garantir a liberdade de expressão na Guerra de Kosovo, divulgando na Internet informações de rádios censuradas e levando informações para a China, atuando contra a censura oficial. São os ecos da contracultura de uma geração acostumada a protestar. Essa geração criou a revolução digital e os remanescentes que não se alinharam com as grandes empresas como a Microsoft, criaram a ideologia hacker.

A tecnologia sendo usada para o bem estar e a diversão de todos. O trabalho como um prazer não como uma obrigação. Estas frases refletem a filosofia do hackers "românticos". Algumas organizações como a Internet Society lutam contra a exclusão digital em países do terceiro mundo, ensinando as pessoas a navegar e a dominar os sistemas.

Hoje, há hackers que pregam uma revolução digital com acesso livre e gratuito aos programas de computadores e trocas de bens de consumos culturais através de Internet. São pessoas que quebram os sistemas de segurança e tornam os produtos acessíveis a quem desejar. Um exemplo são os códigos de segurança de DVDs, que são craqueados e o filme pode ser compactado em um formato em que é possível o seu compartilhamento pela Internet, assim como aconteceu há alguns anos com o formato .mp3 (veja reportagem sobre Copyleft nesta edição).

Outra forma de atuação na "socialização do conhecimento" acontece nos sites que ensinam como quebrar os códigos de segurança da maioria dos softwares disponíveis no mercado ou fazem a indicação do site onde se pode conseguir o programa craqueado. O mais famoso é o Astalavista. Este site também oferece um ranking de sites oficiais de hackers de todo o mundo.

Hackers perigosos

Existem várias formas de testar sistemas de segurança e provar o talento de hackers com más intenções. As primeiras lições são as brincadeiras de invadir páginas e sistemas de empresas, que contam pontos no currículo dessa espécie de hacker. No Brasil há vários sites que promovem aulas de linguagem de computadores (Java, Flash e etc.) para invadir e danificar outros sites e salas de bate-bapo para troca de informações.

Mas esses sites são restritos e têm um sistema de proteção contra invasões bem seguro. A maioria exige um cadastro para a navegação, como as páginas Inferno. Além das lições básicas, esses sites oferecem donwloads de programas, livros e arquivos hackers, jogos, vídeos, arquivos de música em MP3, shows de bandas de rock e até pornografia. Mas é preciso ter cuidado ao acessar algumas páginas, que podem enviar vírus para o computador do internauta assim que é acessada. Um exemplo é o site chamado Hackers Ninja Home Page. Esta página pode infestar o computador com o vírus j.s.exception.exploit.

Os hackers brasileiros também são bem conceituados internacionalmente. As páginas brasileiras estão em segundo lugar no ranking de invasões, segundo o site www.alldas.org, que faz o registro de páginas invadidas na Internet. Mas os números não são muito confiáveis porque quem envia a notificação são os próprios invasores. Empresas atingidas evitam divulgar as invasões porque acabam denunciando as próprias falhas de segurança. O brasileiro Rinaldo Ribeiro é tetracampeão mundial de invasão de sistemas em campeonato promovido pelo instituto de segurança Sans. Hoje Ribeiro trabalha na empresa de segurança Módulo.

A absorção dos hackers pelo mercado de trabalho na área de segurança é um caminho para os que se destacam. O conhecimento adquirido acaba sendo usado profissionalmente com boa remuneração. Há um grande mercado de serviços de empresas que vendem a proteção dos sistemas de computadores e no caso da Sans, até promove campeonato entre hackers. É uma boa forma de propagar os perigos de um sistema sem segurança e de incentivar as invasões para se criar a necessidade do produto. Esta lei de mercado cibernético também vale para as grandes empresas que fabricam programas antivírus e se beneficiam da imensa quantidade de novos vírus produzidos mensalmente em escala mundial.